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O Amor é um jogo de Azar?

Você pode enxergar o copo meio vazio ou meio cheio

Ade Monteiro
3 min readOct 30, 2019

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A música de Amy Winehouse “Love is a Losing Game” foi uma de suas músicas de maior sucesso e rendeu alguns prêmios em sua carreira.

A música é linda e sensível, apesar de melancólica. Isso porque veio do coração dilacerado da Amy, da realidade que ela viveu quando seu parceiro Blake Fielder terminou o relacionamento por mensagem. Amy ficou totalmente arrasada e entrou numa bad total (veja o documentário). Acho que ela nem respondeu à mensagem dele, ele simplesmente disse que ia voltar com a ex e tal. E Amy ficou no vácuo, sem poder entender a decisão dele. Imagino que ela deve ter pensado: "e tudo aquilo que viveram? Tudo que sentiam um pelo outro?". Não puderam nem ao menos conversar pessoalmente…

Total irresponsabilidade afetiva do cara!

E na minha visão, infelizmente, começou aí o declínio (emocional) de Amy. Ao mesmo tempo, esse foi o período mais criativo da carreira dela. Um amigo a acolheu e ela passou algumas semanas com ele, chorando suas mágoas, se recuperando afetivamente, e escrevendo sobre tudo o que sentia. Foi então que surgiu seu álbum: Back to Black. A música “Amor é um jogo de azar” reflete então o que ela sentia, a perda imensa que sofreu nessa “aposta de amor”, na qual confiou completamente, e se entregou na paixão com Blake.

Você concorda que o amor é um jogo de azar? Imagino que sim, já que tantas pessoas se identificam com a letra. Mas depende da forma como você vê o copo: meio vazio ou meio cheio?

Mas será que o amor pode ser um jogo de sorte também? Se formos ver a história da Amy por exemplo, sua inspiração e as músicas maravilhosas que ela produziu após viver essa “aposta”.

Você pode deixar de viver o amor, você certamente não irá sofrer, não irá se frustrar nem se machucar. Mas também não viverá as aventuras, as risadas, os olhares, os prazeres e as delícias do amor.

Acho que nesse poema Khalil Gibran descreve muito bem sobre o amor, e selecionei alguns parágrafos que acredito que refletem a minha visão nesse texto:

Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.
Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.
O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

Para viver o amor será necessário uma pessoa além de você mesma. E isso se configura em um relacionamento. O relacionamento é um combo, e você não tem o controle, só o destino irá dizer o que ele reserva pra vocês. Deixar de viver o jogo do amor e toda sua sorte, por medo do azar que ele pode te trazer.. seria basicamente deixar de viver a vida… vale a pena?

“Tem um amor que está queimando
No fundo da minha alma
Constantemente anseando
Por perder o controle
Querendo voar, cada vez mais alto
Eu não posso me conformar
Em ficar do lado de fora do fogo”

(música “Standing Outside the Fire” — Garth Brooks)

❤💞💕

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Ade Monteiro

Psicóloga, Doula e Terapeuta de Casais. Mestre em Estudos sobre a Igualdade. Mãe e feminista.